Onda de revisão de aluguel cresce no varejo

Nos últimos dias, mais empresas de shopping centers informaram ao mercado aumento no número de lojistas buscando acordos para renegociação de contratos de aluguel. Esse processo ganhou força neste ano, após desaceleração acentuada nas vendas do comércio. Varejistas de pequeno porte, as chamadas lojas satélites, com menos capital de giro e baixa escala, encabeçam esse movimento, mas grande redes, como lojas âncoras, também têm sondado as companhias para ver se há espaço para renegociações.

A General Shopping informou na sexta-feira que verificou um crescimento no volume de lojistas que buscam revisar contratos de aluguéis por razões “preventivas”, disse Alessandro Poli Veronesi, diretor de relações com investidores da companhia. “Há um aumento (no número) de lojistas que, em função da venda e por razões preventivas, querem renegociar aluguel. Eles estão buscando enxugar custos, já prevendo uma piora na performance neste ano”, afirmou.

Em outros shoppings, o movimento se repete. A Aliansce também já teria sido procurada por lojas satélites e âncoras para verificar se há espaço para acordo. Há informações no mercado de que grandes redes como a Centauro, de artigos esportivos, e as redes de alimentação Viena e Brunella, da Internacional Meal Company (IMC), já teriam sondado shoppings para tratar da possibilidade de revisão nos contratos de aluguel. Em abril, a Casa do Pão de Queijo já havia informado que iniciou conversas com vários empreendimentos.

A IMC confirmou, na semana passada, que enviou propostas para negociar novos acordos com aeroportos. A empresa aguarda retorno, nos próximos 30 dias, sobre proposta feita ao aeroporto de Guarulhos.

Pedidos de revisão de acordo são comuns no início do ano. O principal termômetro que analistas têm acompanhado, para verificar se esse movimento traz riscos ao mercado, é a relação entre vendas “mesmas lojas” e aluguéis “mesmas lojas”. O primeiro trata do valor vendido de lojas em operação há mais de 12 meses e, o segundo, da renda de aluguel nestas lojas abertas há mais de um ano.

Se os aluguéis pagos aos shopppings começam a crescer num ritmo acima das vendas, é sinal de que o custo de ocupação pode estar alto. Um cenário deste, a médio prazo, tende a levar lojistas a pedir algum “fôlego” extra aos shoppings. Na BRMalls e na Sonae Sierra Brasil, os aluguéis “mesmas lojas” cresceram num ritmo mais acelerado que as “vendas mesmas lojas” de janeiro a março.

“Estamos preocupados porque se o aluguel se mantiver neste atual nível, enquanto as vendas “mergulham”, os custos (de lojistas) podem vir sobre pressão”, escrevem em relatório Luiz Mauricio Garcia e André Mazini, analistas da Bradesco Corretora, ao comentar o caso da BRMalls. Custos de ocupação sobem se há maiores reajustes de inflação nos contratos.

A Abrasce, associação dos shoppings, prevê que o mercado cresça este ano 8%, versus 10% em 2014, reflexo da baixa expansão da economia, o que afeta diretamente a receita dos lojistas. Nesse cenário, o custo de ocupação que há três ou quatro anos representava 10% do faturamento, hoje atinge 15%, calcula a consultoria Make it Work.

Fonte: Valor Econômico

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